Propósito e liderança: a empatia como pilar de gestão
A empatia deve ser compreendida como uma lente estratégica, um meio de compreender os porquês que movem cada indivíduo dentro da organização.

Márcio Alencar, CEO e diretor de marketing e negócios da Alelo. (Foto: Divulgação)
No mundo corporativo contemporâneo, onde as pressões por inovação, produtividade e resultados nunca foram tão intensas, há uma pergunta que ecoa em praticamente todas as organizações: como construir times resilientes, engajados e capazes de ir além das metas? A resposta, acredito, passa por um elemento que muitas vezes é subestimado, mas que se mostra cada vez mais indispensável: a empatia.
Não falo da empatia como um exercício de simpatia ocasional ou um gesto de gentileza passageiro. Refiro-me à empatia como uma verdadeira ferramenta estratégica de liderança, capaz de transformar culturas organizacionais, fortalecer conexões e gerar resultados sustentáveis. Quando líderes e organizações compreendem que ser empático não é apenas uma qualidade desejável, mas uma competência essencial para potencializar talentos, o ambiente de trabalho se torna mais humano e, ao mesmo tempo, mais eficiente.
É comum associar a empatia apenas ao campo das relações interpessoais. No entanto, seu papel vai muito além disso. Assim como a diversidade, que já se consolidou como um valor e um diferencial competitivo para as empresas, a empatia deve ser compreendida como uma lente estratégica, um meio de compreender os porquês que movem cada indivíduo dentro da organização e de alinhar esses propósitos individuais ao propósito coletivo da companhia. Quando líderes exercem a empatia de forma genuína, eles não apenas reconhecem talentos, eles revelam potenciais ocultos. Criam-se condições para que cada pessoa se sinta vista, valorizada e pertencente à cultura organizacional. E pertencimento, hoje, é uma das moedas mais valiosas para a retenção de talentos e para o desempenho de equipes de alto nível.
Na prática, liderar com empatia é criar um espaço de confiança em que as pessoas possam ser quem realmente são. É entender que resultados excepcionais nascem da combinação entre alta performance e bem-estar. É reconhecer que o papel do líder não se limita a definir metas, mas também a inspirar, compreender e conectar. Há uma consequência natural nesse processo: quando o time está bem, o líder também está bem. Esse equilíbrio, que parece simples à primeira vista, exige disciplina, escuta ativa e uma visão de longo prazo. Líderes que cultivam a empatia constroem relações mais sólidas e geram resiliência coletiva diante dos desafios inevitáveis do mercado.
A empatia também tem uma relação direta com o propósito. Empresas que deixam claros seus porquês e que ao mesmo tempo procuram compreender os porquês de seus colaboradores, estabelecem uma conexão mais profunda e duradoura. Essa clareza fortalece a confiança, reduz ruídos e cria uma cultura em que cada pessoa entende o impacto de sua contribuição. Vivemos em um cenário em que tecnologia e os dados ditam grande parte das transformações empresariais, mas é fundamental lembrar que no centro de toda essa revolução estão as pessoas. É o olhar humano e empático que dará sentido às inovações, transformando-as em algo que realmente gera valor.
Desvendar o enigma do propósito e da liderança é compreender que empatia não é apenas um traço de caráter, mas um pilar de gestão. É aceitar que a performance sustentável depende, acima de tudo, de conexões genuínas entre pessoas, líderes e organizações. No fim do dia, empresas não existem para si mesmas, elas existem porque existem pessoas. E quanto mais forte for a rede de conexões humanas que sustenta uma organização, mais resiliente e preparada para o futuro ela será.