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Negócio em expansão

Granado acelera rumo aos R$ 2 bilhões ao combinar perfumaria, redes sociais e margem alta

Empresa cresceu até cinco vezes em uma década, mantém baixo endividamento e mira R$ 2 bilhões em receita com estratégia orgânica e marcas bem segmentadas.

17 de dezembro de 2025 - Atualizado em 17 de dezembro de 2025 às 12h14 por LIDE

granado-internacional-nossa-presena-fora-do-pasCom crescimento orgânico, marca projeta superar R$ 2 bilhões em faturamento anual. (Foto: Reprodução)

A Granado multiplicou de tamanho nos últimos dez anos ao combinar expansão orgânica, aposta em produtos de maior valor agregado e uma estratégia afinada com o engajamento nas redes sociais. Segundo executivos da companhia ouvidos pela Bloomberg Línea, o grupo cresceu entre quatro e cinco vezes no período e agora mira superar R$ 2 bilhões em faturamento anual.

Conhecida historicamente pelos sabonetes glicerinados, a empresa passou por uma transformação gradual e hoje se posiciona como um grupo de perfumaria e beleza, com destaque para marcas como Phebo e Care Natural Beauty. Produtos como a colônia de cardamomo e linhas de sabonetes ganharam tração recente após viralizarem organicamente em plataformas digitais, impulsionando as vendas.

De acordo com o CEO e controlador da companhia, Christopher Freeman, o grupo deve encerrar 2025 com receita entre R$ 1,85 bilhão e R$ 1,9 bilhão, crescimento de cerca de 13% em relação ao ano anterior. O desempenho reflete, segundo ele, um contraste entre canais: enquanto o atacado, responsável por 75% das vendas, foi pressionado por juros elevados e redução de estoques, o varejo próprio e o canal digital superaram as expectativas.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Freeman afirmou que a expansão da empresa tem sido sustentada por disciplina financeira e visão de longo prazo. A margem bruta ficou próxima de 60% em 2025, levemente acima do ano anterior, e o grupo mantém baixo endividamento. “Quase todo o financiamento é feito com recursos próprios. Distribuímos o dividendo mínimo e reinvestimos a maior parte do lucro”, disse.

O plano de crescimento para 2026 inclui investimentos industriais, ampliação do portfólio e aceleração da perfumaria, que se tornou uma das principais alavancas do negócio. A produção de perfumes saltou de cerca de 600 mil unidades há quatro anos para aproximadamente 6 milhões neste ano, segundo a empresa. A categoria concentra cerca de 70% das vendas internacionais do grupo.

A companhia investiu cerca de R$ 150 milhões em 2025, com recursos destinados a tecnologia, infraestrutura industrial, centros de distribuição e abertura de novas lojas. A produção é totalmente verticalizada e concentrada no complexo industrial de Japeri, no Rio de Janeiro, que fabrica até 1 milhão de unidades por dia.

No varejo, a estratégia passa por diferenciar claramente as identidades das marcas. A Granado mantém um posicionamento mais clássico, enquanto a Phebo é trabalhada como uma marca mais jovem e ousada. A Care Natural Beauty, adquirida recentemente, entra agora em uma fase de expansão física e aumento de lançamentos. Segundo Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas, a viralização costuma ser orgânica, sem depender exclusivamente de campanhas contratadas com influenciadores.

A presença internacional ainda é pequena em relação ao tamanho da operação no Brasil, mas vem ganhando relevância. Hoje, a Granado conta com 101 pontos de venda na Europa, sobretudo em lojas de departamento como El Corte Inglés e Rinascente. A estratégia é avançar além das capitais, apoiada no bom desempenho das lojas conceito.

Apesar do crescimento acelerado, a empresa não tem planos de abertura de capital no curto prazo. Freeman afirmou à Bloomberg Línea que a prioridade segue sendo a agilidade operacional e a preservação da cultura do negócio. “Nunca tivemos um ano negativo, nem durante a pandemia. Com produtos de qualidade, preços justos e uma história verdadeira, ainda há muito espaço para crescer”, afirmou.