BP escolhe primeira mulher para comandar a companhia e reposiciona estratégia
Meg O’Neill assume o cargo máximo da petroleira em meio à pressão de investidores por mais disciplina financeira e foco em petróleo e gás.
Meg O’Neill, primeira mulher a comandar a BP. (Foto: Reprodução)
A BP anunciou a nomeação de Meg O’Neill como nova CEO, marcando a primeira vez que uma mulher assume o comando da companhia. A executiva substitui Murray Auchincloss, que deixa o cargo após apenas dois anos, em um movimento que sinaliza uma guinada estratégica da petroleira para um foco mais explícito em petróleo e gás, segundo informações da Bloomberg News.
O’Neill, que inicia oficialmente no cargo em abril de 2026, construiu carreira em grandes companhias do setor. Foi CEO da australiana Woodside Energy por quatro anos e passou mais de duas décadas na Exxon Mobil, com forte atuação em áreas operacionais e de engenharia. Até sua posse, Carol Howle atuará como CEO interina, informou a BP em comunicado.
A troca no comando ocorre em um momento de pressão crescente sobre a BP para recuperar rentabilidade e simplificar sua estratégia. A companhia vem ficando atrás de concorrentes globais após resultados fracos de investimentos em energias renováveis, além de impactos de conflitos geopolíticos e problemas operacionais. Investidores têm cobrado uma volta ao núcleo tradicional do negócio, com maior disciplina de capital.
Entre os principais vetores dessa pressão está a Elliott Investment Management, que detém pouco mais de 5% do capital da BP. O fundo ativista defende cortes relevantes de custos, venda de ativos considerados não estratégicos e um recuo da estratégia mais voltada à transição energética, considerada pouco rentável no curto prazo, de acordo com pessoas ouvidas pela Bloomberg.
Analistas veem a escolha de O’Neill como um indicativo claro dessa mudança de rota. “Ela tem um histórico muito prático em engenharia e operações, o que sugere uma abordagem de volta ao básico”, disse Neil Beveridge, diretor-gerente de pesquisa da Bernstein, à Bloomberg. Segundo ele, a nova liderança reforça a prioridade em petróleo, gás natural e GNL.
Auchincloss havia assumido o cargo em janeiro de 2024, após a saída abrupta de Bernard Looney, e liderou um esforço inicial de reorientação estratégica que não conseguiu convencer o mercado. As ações da BP têm sofrido com a percepção de que a empresa perdeu competitividade frente a pares que mantiveram maior foco em seus negócios principais.
Com a chegada de Meg O’Neill, a BP tenta restaurar a confiança dos investidores e reposicionar sua estratégia para melhorar retornos, em um setor que volta a premiar eficiência operacional, geração de caixa e foco em ativos tradicionais.