'Sem sustentabilidade, as empresas vão desaparecer do mercado', diz Thelma Krug
Cientista reforça que a COP30 deve marcar o início da implementação efetiva de compromissos climáticos e afirma que o setor privado é essencial para impulsionar inovação.
Thelma Krug reforça que a COP30 deve marcar o início da implementação efetiva de compromissos climáticos. (Foto: Divulgação)
Pesquisadora e ex-vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, Thelma Krug acredita que a COP30 representa um ponto de virada na luta contra o aquecimento global. “Não precisamos mais de muita conversa, precisamos de implementação. E essa transformação só será possível com o envolvimento do setor privado”, afirmou em entrevista à série Negócios que Regeneram.
Thelma defende que o encontro de Belém deve ser a COP da ação, deixando para trás o protagonismo das negociações e partindo para a execução das metas climáticas.
“O legado da COP30 será a implementação. É hora de agir de forma coletiva, com cooperação entre países, empresas, comunidades e povos tradicionais. Essa transformação não é só uma transição energética — é uma mudança de paradigma”, declarou.
Para a cientista, a inovação tecnológica e a cooperação internacional serão decisivas nesse processo. Ela critica a dependência de tecnologias importadas e defende o fortalecimento da pesquisa científica nacional. “Precisamos adaptar as soluções às realidades locais e investir em inovação própria. Não é só financiamento que resolve: é capacitação, troca de conhecimento e cooperação entre o Norte e o Sul globais”, explicou.
A especialista também alerta que o foco da conferência não pode se restringir à Amazônia. “O Brasil é um país de múltiplos biomas, todos altamente vulneráveis às mudanças climáticas. Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica — todos já sentem os impactos do aumento da temperatura e das secas. Precisamos de políticas que contemplem o país como um todo”, destacou.
Ao olhar para o setor empresarial, Thelma Krug é enfática: sustentabilidade deixou de ser opcional e se tornou fator de competitividade.
“As empresas que não estiverem no caminho da sustentabilidade vão deixar de ser competitivas — e algumas já estão ficando para trás. Sustentabilidade não é custo, é investimento. Ela exige inovação, visão de longo prazo e compromisso real com o social, o ambiental e o econômico”, disse.
Para ela, a COP30 deve impulsionar parcerias entre governos, universidades e empresas, acelerando a transição para uma economia verde. “A sustentabilidade precisa ser verdadeira, e o consumidor já está atento. Ele lê o rótulo, pesquisa a origem e exige coerência. As empresas que entenderem isso mais rápido estarão à frente na nova economia”, concluiu.