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Transformação tecnológica

Anglo American e Vale aceleram corrida por metais críticos e elevam a mineração brasileira ao centro da transição energética

A Vale avança em Minas Gerais com investimentos de R$ 67 bilhões até 2030, focados em processos produtivos com menor uso de barragens, menor emissão de carbono e mais mineração circular.

06 de novembro de 2025 - Atualizado em 06 de novembro de 2025 às 17h00 por REVISTA LIDE

Foto Ana Sanches - Crédito - Jana Vieras (2) (1)Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil. 

Anunciada em setembro, a nova Anglo Teck, resultado da fusão entre Anglo American e Teck, nasce como um dos cinco maiores produtores globais de cobre e com um portfólio que reúne seis ativos de cobre de classe mundial, negócios de minério de ferro de alto teor, zinco e nutrientes agrícolas.

“Estamos confiantes de que estamos iniciando um novo momento na mineração global. O Brasil ocupa um lugar relevante e estratégico nesta fusão. Acreditamos que podemos potencializar nossos resultados com as experiências de ambas as empresas. Nossas operações são referência em inovação, sustentabilidade e performance e esta fusão nos dará ainda mais força para acelerar investimentos e ampliar nossa contribuição para o desenvolvimento do país”, afirma Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil.

O Sistema Minas-Rio, que produz minério de ferro premium em Conceição do Mato Dentro (MG), é parte essencial dessa estratégia. A companhia prevê integrar os recursos da Serra da Serpentina, assegurando continuidade operacional por décadas e fortalecendo a cadeia de descarbonização do aço. Outro ponto-chave é a venda planejada dos ativos de níquel em Goiás, alinhada à meta de focar em cobre, minério de ferro premium e nutrientes agrícolas.

Expansão logística e sustentabilidade

No Brasil, a Anglo American também comemora marcos operacionais. Em parceria com a Ferroport, alcançou 200 milhões de toneladas exportadas pelo Porto do Açu desde 2014, com teor médio de 67% de ferro.

A Ferroport, com mineroduto de 529 km, movimenta entre 22 e 24 milhões de toneladas por ano, e integra inovações como navios movidos a GNL e propulsão eólica, comprovando a aposta em logística limpa e de alta capacidade.

Vale: nova fase em Minas Gerais

Gustavo Pimenta_Foto Arthur Massao Felippe de Toledo (2)(1)Gustavo Pimenta, presidente da Vale.

A Vale avança em Minas Gerais com investimentos de R$ 67 bilhões até 2030, focados em processos produtivos com menor uso de barragens, menor emissão de carbono e mais mineração circular. A mina Capanema, em Ouro Preto, inaugurada após cinco anos de obras e aporte de R$ 5,2 bilhões, simboliza a nova etapa: opera a seco, sem barragens e com reprocessamento de minério contido em pilhas de estéril. “Capanema exemplifica a nova fase da mineração em Minas Gerais e reforça nosso compromisso com um processo produtivo mais responsável, minimamente invasivo e com tecnologia e inovação aplicadas”, afirma Gustavo Pimenta, presidente da Vale.

Esses investimentos devem gerar R$ 440 milhões por ano em royalties e R$ 3 bilhões em salários, com 60 mil profissionais. O objetivo é oferecer minério de ferro de alta qualidade, especialmente pellet feed high grade, essencial para rotas de aço de baixa emissão.

“Minas Gerais é estratégico no fornecimento desse produto, contribuindo diretamente para a descarbonização da indústria siderúrgica”, explica Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale.

A Vale também intensifica a mineração circular, reaproveitando minério de estruturas em desativação. Em 2025, já produziu cerca de 9 milhões de toneladas a partir dessas fontes, um aumento de 14% sobre 2024, e pretende chegar a 10% da produção total até 2030. Entre as iniciativas de coprodutos, destacam-se a Areia Sustentável, com mais de 3 milhões de toneladas comercializadas em dois anos, e a Fábrica de Blocos em Itabirito, que transforma rejeitos em insumos para a construção civil.

Metais críticos e oportunidades globais

O avanço das duas gigantes ocorre em sintonia com o crescimento da importância dos minerais críticos e estratégicos (MCEs) para a transição energética. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o faturamento com esses minerais no primeiro semestre de 2025 atingiu R$ 21,6 bilhões, alta de 41,6% sobre o mesmo período de 2024, com exportações de US$ 3,64 bilhões. O IBRAM prevê investimentos de US$ 18,45 bilhões até 2029 e alerta para a necessidade de políticas públicas que ampliem a produção de lítio, níquel, terras raras e nióbio, insumos essenciais para baterias de veículos elétricos, ímãs de alta performance e ligas avançadas.