Open Finance antecipa o futuro do dinheiro
Com regulação avançada, ecossistemas robustos e forte adesão, Reino Unido e Brasil moldam a próxima geração de serviços financeiros digitais e moedas eletrônicas.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central.
O Reino Unido transformou-se em um dos laboratórios mais sofisticados do mundo para o Open Finance, reposicionando seu sistema financeiro para uma nova era de serviços digitais. Desde 2018, quando a regulação de open banking obrigou os maiores bancos a abrirem seus dados de forma segura, a iniciativa se expandiu para crédito, investimentos, seguros e pensões. Hoje, segundo a Open Finance Implementation Entity, mais de 9 milhões de britânicos utilizam serviços baseados em dados compartilhados, que vão de pagamentos instantâneos a plataformas integradas de pensões e investimentos.
Em 2025, o Tesouro britânico e a Financial Conduct Authority (FCA) avançam com regras que ampliam a portabilidade de dados para todo o mercado de serviços financeiros, preparando o terreno para a moeda digital do Banco da Inglaterra, o chamado digital pound. Para a FCA, o objetivo é “empoderar o consumidor”, oferecendo comparação transparente de tarifas e produtos. Bancos como HSBC e Barclays criam hubs digitais e parcerias com fintechs para acompanhar a velocidade das mudanças.
Brasil: maturidade e inclusão digital
No outro lado do Atlântico, o Brasil desponta como um dos líderes globais em Open Finance. Em apenas cinco anos, o ecossistema criado pelo Banco Central (BC) tornou-se referência mundial em abrangência, número de instituições participantes e adesão da população. Segundo dados oficiais, cerca de 70 milhões de contas compartilham dados e mais de 100 milhões de autorizações ativas alimentam novos serviços de crédito, pagamentos e investimentos.
Para o presidente do BC, Gabriel Galípolo, o Open Finance brasileiro vai além de uma exigência regulatória. “O futuro das finanças já começou, e ele é aberto, inteligente, centrado no cidadão. Mais do que uma demanda regulatória, o Open Finance é uma inovação que busca construir um sistema financeiro cada vez mais aberto, justo e conectado às reais necessidades da sociedade. Desse modo, e cada vez mais, o Open Finance mostra ser não apenas tecnologia, mas também inclusão, autonomia e poder de escolha.”
Poder de escolha
A integração com o Pix, responsável por mais de 90% das transações digitais de pagamento, consolidou a agilidade do modelo brasileiro. Casos de uso incluem transferências inteligentes, Pix por aproximação e a portabilidade de crédito, em fase de implementação. Para o diretor de Regulação do BC, Gilneu Vivan, comunicar os benefícios e educar o cliente é fundamental. “Nos dias de hoje, com tudo que se escuta de fraudes e perigos cibernéticos, confiança é fundamental, e essa educação digital permitirá que efetivamente o cliente se beneficie de todos os serviços que a gente está oferecendo.”
Assim como o Banco da Inglaterra avança com o digital pound, o BC brasileiro testa o Drex, sua moeda digital. Especialistas veem na convergência de Open Finance, pagamentos instantâneos e moedas digitais um caminho para um sistema financeiro sem fricções, com transações seguras, baratas e globalmente interoperáveis.